quarta-feira, 6 de julho de 2011

pele e retina



Tua pele projeta na minha retina o perfeito acorde que vejo ao te ouvir. Noutro plano, sem lágrima devoluta, sinto respirar um ar que nada mais é que um H e cOraçãO. O peito engasga nas batidas e lá se vão batidas nos pulmões costelas coluna e segura, lá se vai meu joelho... mole, bambo, andando feito um canto que dançando a respiração cata os colarinhos e me sacode entre os decotes e me chamas de teu homem. Vem aqui te quero bem. Balança agora meu corpo todo arrepia meu braço do cóccix ao pescoço, arrepia atrás da orelha. Onde eu nem sabia que se sentia assim esse sabor. Cá na boca, na calada, garganta atada, falta ar pra palavra. Vibrar essas cordas já não há mais como saber. Apenas o acorde, o acorde apenas há. Incompreensivelmente perfeito e sustenido, sustendo meus ouvidos e levantando o pensamento. Atam vários laços construindo em torno de apenas um passo a correria de nossos corpos nossos braços no embaralho do sentido o despertar do universo mágico, as aventuras do encontro pensado. Imaginado, curtido, embalado, guardado, caído, esquecido no canto ali daquela gaveta, no armário do banheiro. Onde foi deixado aquele beijo mesmo? No topo de uma página escrita, prosa de mulher viva que não respira vibra, olha já sabe, pensa já decidiu. Numa esquina que dobrei não vi derrubei, foi porque tropecei onde passava uma vala triste e verde na qual afoguei o pé para continuar de pé. É que já vai tempo que me falta seu tempero pra seqüência dessa prosa desinibida que me atiça, fustiga a vida e me acorda. Moda de viola que me denota não ser o seu presente. Em co-notas lá se vão os versos meus a procura dos seus. Toques e carinhos e delícias de durações curtinhas e compridas, cozidas em fogo brando de esperança. Quando nossa pele alcança cama e choramos ao êxtase por todos os poros o sabor de amar ao completo, sem sombra, sem teto, caderno ou boteco. É nessa hora assim que fico eu levinho... flutuando assim assim. E pra quem duvida da realidade perdida ou imaginação vivida: passe bem, to de partida. Porque escrevi uma moça que ainda vai bem viva, musicando minha vida a poetisa das salinas adoçando uma tal praia linda.

sábado, 2 de julho de 2011

100






Esses monstros silenciosos na redoma de fé comungam acerca do estéril
mais que desgraça, menos que realidade, que sombra é essa?
não há palavra, não há descrição, não há vento nem lua.
um pedaço de partes, uma esquina de centelhas, onde será que morri?
tudo que ação constitui passado vira.
Esperanças, casas perdidas, contas atrasadas, pagas, por vencer...
numa onda gigantesca de estatísticas há muito menos, bem menos.
Sorrisos para fingir e problemas a aceitar.
nessa estrada com os pés atados corro milhares de metros,
migalhas de pra sempres que se passam assombrosamente para o passado.
não interagir em veias e sombras, não competir em paradas ou jogos.
chegar no ponto do ponto e aguardar ainda, um pouco mais, é o real.
repercutir as sobras e violentar as passagens que ainda nunca se cumprimentam.
é realmente estarrecedor alcançar.
alcançar pra sentir que a realidade é o inalcançável e que isso sim é real.
na justaposta serpente da bravura, do concluir, do terminar...
nada termina, ninguém acaba, nada se assemelha com a realidade do próximo.
a realização estar por vir,
numa sequência lógica e racional, cartesiana de sentimentos, sentidos, folhas secas,
mas por mais ainda nuvens ao chão...
saudades do 1.
Saudade do 1 porque nesse sim, expectativas de melhora já se bastavam,
ainda que o atual daquilo fosse nada e nada continuaria sendo,
saudades da esperança do 1.
Hoje, pra somar 99 ao meu 1 escolhi o ranger de dentes e o gosto de tijolo do que é real.
Real é cimento e pedra, o resto é poesia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Semente de Fortaleza.

Aqui, pra fazer jus ao nome, planto uma semente de fortaleza,
longe de ser status frente meus algozes.
Quero só cultivar esperanças.
Não que a responsabilidade recaia em meus semelhantes,
não que a perpetuação de um status seja eterna pra sempre,
o eterno pode até ser passageiro, ainda que não vaguem soluções.
Deixo aqui uma sementinha germinando e me inflamando.
Braços dados calor e pobreza, quero não caminhar passos passados,
executar as ações presentes numa tina de completo real,
nunca mais nesse próprio campo de ilusões, feixes e luzes.
Acabam as soluções, os prazos, as amenidades e os sorrisos.
que seja esse então meu regador para minha semente
e que seja água todas as letras das ditas coisas.
cavo
planto
cubro
Aqui jaz uma semente de fortaleza.
Perspicaz na morte, absoluta na outra vida.

terça-feira, 14 de junho de 2011

dia bom.



muito bom dias assim,
dias nos quais entre um carimbo e outro
nos deparamos com uma flor.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

emaranhesas e condiscrições.



muitos planos, pastos e planaltos mundo afora,
num lugar velado que nem mesmo peito em sonho alcança
numa frisca de coisas afins, passeios, pandeiros e pedais,
encontros aleatórios, o que acontece nada mais nos mistifica.
São essas pequenas despesas de tempo e solidão
ao redor de corações soltos em caixas que nos oprimem.
Ver somente as coisas e nada além delas nos permite estar mais próximo do real,
mas em nenhuma outra parte que não os caminhos dos nossos versos
é possível abrigar as pétalas das correntes.
segmentos de paranoia independem das hospedarias convencionais,
essa ternura sua me castiga por ser muito perfeita
e nem por isso consome os nossos conjuntos, felicidade,
aqui tem um peito imperfeito, ai que é bom imperfeição.
imperfeição de nos tornar pessoa gente,
imperfeição que nos atinge pra ser regular o que bom não mais há.
empréstimos de carinho e dívidas de emoção, assim se vai qualquer peito
e não ainda obstante o meu seria e ainda bem poder dizer o nosso.
ainda bem poder dizer que eu e você vivemos um a gente.
enfim... emaranhesas e condiscrições da vida...
Amém.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um Menino em 18/09/2007

Havia um menino. Carregava bandeiras, distribuía panfletos, ia aos comícios, inclusive era reconhecido por alguns candidatos. Havia um menino que sonhava que poderia mudar e mudando poderia se inserir e inserir a todos. Havia um menino que sonhava. Havia um menino na boca de urna, nas carreatas e nos debates do colégio. Havia em verdade alguns meninos, em palmas em gritos em risos. Havia esperança e companherismo sem "companheragem". Há um jovem adulto em frente a seu computador, escondido em seu trabalho mínimo, que hoje somente olha, somente chora, somente esmola não ser pego pelo seu chefe comentando o diário do Comandante. Há um jovem adulto que tomou o lugar de um menino deposto pelos "camaradas" de diferentes tribos e gêneros, que foi tomado dos seios de uma Pátria essa madastra servil, subordinada aos adúlteros ideólogos de sempre. Há um jovem adulto doido para não ser adulto, porra nenhuma, pra não fazer parte desse lixo social da nossa política dura e grossa de cada dia.

terça-feira, 10 de maio de 2011

pra fazer uma surpresa



pra fazer uma surpresa tirei o som da uva,
troquei olfato por audível, tive que falar muito,
mas troquei, sem pena nem vela... sorri.

pra fazer uma surpresa troquei a casca noutro recheio,
ficou assim semi perfeita, quase pronta,
ouvir a polpa duma uva incontida,
encontrei pouca resistência em morder.

pra fazer uma surpresa troquei só por comum.
improvável crer? muito simples, solução dos que tremem,
ainda mais numa polpa que cerca, duvido.

pra fazer uma surpresa havia luz quando você pegou,
havia música quando você mordeu
uma periferia de conteúdo.

pra fazer uma surpresa vim fazer o todo dia...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Papo de esquizofrénica.

Ai, eu tô aqui,
eu to aí?
Então fico aqui.
Não aguento essse vem não vem.
To aqui e lá,
nenhum lugar,
pra comer e beber,
nem pra benzer nem pra amar,
to qui nem lá,
qual estaria se sumida, desaparecida
em norte e sul...
aqui e lá, to aqui to lá,
to atolada de aqui e lá...
sufocada de nenhum lugar,
desacreditada em funcionar,
eu detesto ver o link quebrar,
mas de nunhuma forma conformo
aqui e lá, onde estou cá e aqui,
aqui e lá
lá...
aqui...
e...

terça-feira, 5 de abril de 2011

o que faz ainda esse silêncio gritar tão alto?



o que faz ainda esse silêncio gritar tão alto?
o que faz ainda essa sensação sofrer insana eterna?
o que ainda há de caminho não é caminho é caminhar.
descobri o amor assim,
na parede que nunca foi construída o rabisco,
antes de ser tinta engarrafada, foi ilusão.
Quando necessariamente esse ponto foi um dos ápices,
uma outra parte perdia em alegoria
e adereço décimos fundamentais
e depois da vida solta minha bateria ainda foi
capaz de atravessar...
sabe como foi?
vou te contar:
descobri o amor assim...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

e num canto de solidão
a filha pergunta pra mãe
Tem algum lugar pra fazer doer menos?

quinta-feira, 31 de março de 2011

sorriso aprendido



é foi quando que vi um sorriso
era o aprendido refletindo o céu do vento
a roupa velha na varanda.
luz do ar em pleno ser,
é no momento do aprendido
somente o aprendido
em meio caos, completo despetalar
o aprendido entre conseguir e ser capaz
só mesmo o aprendido
só mesmo o aprendido consegue sangrar
da matéria torpe à redenção solar,
só o aprendido pra fazer verso na dor.
só mesmo o aprendido pra fazer sorrir no sal.

Abrigos



Abrigos pouco confortáveis,
cobertores finos, larga escuridão.
Deméritos sobrepujantes num canto,
algum desespero que escorre pelas paredes,
flácidas desesperanças a soleira da porta.
Difícil relaxar, difícil sentir carinho,
difícil até remontar um céu azul.
Deixo foco centrado no centro do ventilador
que desaba a cada hidratação da córnea.
Desaba e volta. E volta a desabar.
É não há como dormir.
Ouço os cílios se resvalando,
encontro feitiços por detrás das cortinas,
reconheço vozes.
Não conheço seus tons, nem seus valores.
Sinapses, milhões de sinapses.
É muito tempo desabando ar para se fingir.
Levanto atônito e senil, desacordado de esperança.
Recolho alguns sumiços há muito destemperados,
coloco-os aconchegados entre o lençol e o travesseiro.
Eles olham desesperados ao redor
e desdormem com os olhos fixos no ar que desaba:
Fica um pouco com a gente?

terça-feira, 29 de março de 2011

A História de Espaço Dessa Terra.



Antepáros de Solidão.
Eles espreitam ao Norte, rumo a Colina Sardenta
e cada vez mais próximo ao Espaço Dessa Terra!
Nunca se ouvira ressaltar em apontamento algum
sobrepujante catástrofe atroz qual a da vez.
Ainda serpenteavam alguns viventes ora cá e lá.
Momentos intermináveis a espera de colher
uma lufada de ar fresquinho advindo do Bosque Santo,
quando era de se desanuviar os pensamentos um pouco.
Até mais tardar o meio do dia já se terão aboletado
no topo da colina, ao cair da primeira gota do Tempo Chuva
desabaladas criaturas Solitárias, Bando de Sozinhos,
o Enxame de Unidades vai devastar Espaço Dessa Terra.
Jamais, nunca, nem por pensar os Devotos conseguiriam
 antever tal mal agouro. Assunto até já cansou um pouco
a ouvidos menos caprichosos de lavoura e dados a faledicências.
Enfim, Deus dá o frio conforme o cobertor.
Latejou o sino do meio dia e se fora o primeiro sinal
chegou tarde como o nunca. Havia uma névoa cinzenta na colina.
Foi possível sentir o primeiro reflexo dos anteparos rasgando veias,
vertendo vias em valas, vulgarizando vírgulas.
Estapafúrdia, insanidade, limites de sobrepujar corpo e mente.
Corriam os serem em volta de si mesmos batendo na cabeça
com as mãos espalmadas e gruindo, gruindo, gruindo, gruindo sempre...
Devastador ter uma janela, deveria não existir janelas em tal,
presenciar o desespero é mais desesperador que frutificar o mal.
A essa altura do ponto o alto da Colina Sardenta era todo nuvem,
espaço morto e folhas opacas, foi-se o visgo e nem sobraram peças.
Os anteparos da Solidão vinham refletindo a imensidão da luz
em mais alto vigor de devastação luminosa, como se olhassem
dentro uns dos outros, a devassidão alheia o vazio do sem fim.
O destemperado nítido era jazigo perpetuo de almas solenes,
corajosas guerreiras que se atreviam na luz fundamental.
Os anteparos de Solidão despontaram o pé da Colina Sardenta
a devastação atingia sua plenitude em Espaço Dessa Terra.
O tempo muito feio e fechado por detrás da colina revelava o breu,
a escuridão nebulosa tornava-se em negrume absoluto
e faria desabar os céus naquele que seria o último suspiro dessa terra
o Espaço Dessa Terra...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

conhecer o improvável.



Conhecer o improvável.
As ondas e as chamas não se bastam
nem no ar nem na poesia.
Norte ou sem rumo.
Para onde nos leva a seca?
Bem perto do nada joguei rede e prendi anzóis.
Da bela mancha angariei trevas e rosas também.
Pintei o céu de amarelo.
Esculpi a vila de Brisa,
picada na mata patas firmes.
Pisei o chão.
Nenhuma coisa andou para crer,
pela nobreza inevitável de tuas asas
meu peito respirou teso.
Era teu cheiro invadindo meus sentidos.
Céu azul.
Vila de pedra.
Caminho livre.
Vento nas árvores.
Rosa no caminho.
Em seu lugar, as coisas, ao seu toque.
Fecho os olhos
e na clareza da realidade sinto paz.
O desenho está completo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Limites sofisticados.



Em contenção as palavras
fio no punho.
Nonde outros segmentos nos motivam
fio no punho.
Nas prateleiras do sorrir desconsertado
fio no punho.
Quando erguer tua fronte e faltar-lhe o chão
fio no punho.
Confinamento de soluções atrozes
fio no punho.
Setembros voláteis
fio no punho.
Desde contemplações genéricas a louças caídas,
fio no punho.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

sacerdotisa



Sacerdotisa
sabor da vitória,
imóvel plenitude
convalecer de súbito
sublimar tudo
alvorescer Sacerdotisa,
no alimiar da sensação
o quase oposto ao ação
demesura de desterro,
especial arqui contra limitação
especiais pedaços,
ser onde ser é somente isso
azul, ser real.
Sacerdotisa saudações solenes
devaniar parece apenas ópio
nessas paragens de um coração
semiótico, o carinho me será confidente
numa pesca ou brisa estarão seres e luzes
entre atos do amanhecer será frio de início
deixo aqui nenhuma reza ou oração,
semear pastos, Sacerdotisa, minhas unhas
são demasiado grandes,
há muitas tintas nessa minha tela de muitos anos,
erros, berros, vômito e algo mais,
memória desmemoria,
deixo aqui uma testemunha
Minha letra em Sua Adoração.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

devaneios do não bom



Catapulta
assombro
impacto
escombros morte
devaneios do não bom
pólvora
faísca
vácuo
estilhaços morte
devaneios do não bom
caneta
ganância
capital
corrupção morte
Devaneios do não bom.

Caminhando novas páginas.



Fechado.
Canto de mundo.
Quando corri na trilha Sabiá me viu de longe.
Por onde andava tua luz?
Sabiá, bicho sabido.
Sem saber canta DEus, mas é só começo.
O que nada foi abrangido invariável será.
Invariávelmente vai ser.
Ainda que surpresa, no entanto soberba.
Experimentos do sentir, esse capricho do canto nulo.
Primeiras vezes nefastas,
a surpresa pode virar vício.
Um punhado de qual queres coisa
paga assoberbado estúpido vagabundo.
É que o estômago ruge saber as horas.
Janelas abertas no canto de mundo fechado.
O homem que não sabia olhar as estrelas.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Bandeira 10



A consciência elevada ao cúmulo,
exponencial talento fabuloso,
anos luz de evolução, seleção
e DNA até materializar-se.
Completa e também complexa
estrutura químico físico biológica,
dom.
O tecido do caimento,
o sorriso cai bem aos olhos,
a palavra da hora certa,
estalar de palmas,
vento de assovio,
cheiro de chuva, suspiro doce,
coração na garganta, nó no estômago,
espaço suficiente,
movimento em contemplação,
asas ao vento, a rede e o 10.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Abraça teu irmão



Abraça teu irmão que a tristeza vai embora.
Livrei-me de toda mágoa,
sorriso e aperto que espanta lágrima.
A pele foi ferida e a cabeça arrancada.
Acenderam o estopim dessa jornada.
A planta foi regada quando ainda terra.

A pele foi ferida e a cabeça arrancada.
Nossa liberdade foi toda esquartejada.
Censuraram a boca,
mas a cabeça não se cala.
Nem todas as correntes dão a volta ao mundo,
então eu me separo, logo sou o investigado.
Pouco polido verbo é:
vindo e indo.

Fugi de tua masmorra, caí em tua vila.
Fugi de tua vila, caí em tua cidade.
Fugi de tua cidade, caí em tua sociedade.
Espera mais um pouco,
“devagar também é pressa”.
Te bateu um desespero?
É a vida que te chama.
Abra os olhos não o deixa
fazer de ti a podre cera,
pra derreter em fogo baixo,
uma vela iluminada,
muito menos o palito.
Apagô?
Tem mais na caixa.
Bom mesmo é ser chama,
que oscila, mas não apaga.

chama forte, combustível dos que berram,
alardeiam mundo afora o torpor que nos sufoca.

Bom mesmo é ser chama.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Relampejou em meus olhos a paixão,





Relampejou em meus olhos a paixão,
dois verdes flashes ascenderam da escuridão.
Foi um suspiro ou foi um trago?
Foi sim um sorriso, meio de lado, foi canto de boca,
foi meu, foi discreto, foi feito só pra ti,
foi um soneto, poema pequeno, rimado
que terminou no primeiro parágrafo
e nem deu tempo de explicar,
nem num breve momento que o poema ainda tinha muito por dentro.
Tinham todas tantas outras linhas encaixadas umas nas outras,
cheias de bossas e gingas
palavras que no primeiro momento não causam rima,
mas se relaxas e deixas a mente sadia
verás que tudo que se fala vira rima.
E rimadamente fugindo do fim que nos aguarda,
falemos das rimas meias, meias rimas,
que se formam por acasos de despedidas ou partilhas,
tentativas frustradas de juntar o princípio ao fim,
o sim e o não, teu corpo ao intangível, tua alma à minha...
minha boca, tua boca, nossas bocas e uma língua sedenta
que por instantes esquece de versar
nosso amor com dor.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

pela praça

Quando passa pela praça,
vai lá vem cá saia curtinha
flor dos olhos que eu rego
com vários versos sortilégio.
Vários caminhos que eu persigo ao colo teu.
Vem desfilando sua delícia...
tua boca em meu pescoço
alma e ser, alma de se ser.

suave verso eu e você.
que a pena desistiu de escrever...

domingo, 30 de janeiro de 2011

contemplação




Ficamos assim então,
adolescência do errado
pequenas gotas, feixes de luz, talvez.
Difícil ser simples ou apenas o.
Tranqueira de palavras soltas,
resfolegando frente o possível.
Contemplar em tudo o que possa,
esse sim, mais é finalmente que breve.
Ainda num apaziguamento ou numa luta
o mais é tornar-se uno e ainda ser todos,
individual, penoso, pós ousado ser.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

da série frases



Até o sol no meio dia pode refrescar se assim for.
-.-.-.-
Há plantas tão somente belas por se bastar em espinhos.
-.-.-.-
Gotículas de necessário fazem tinir nossos tornozelos.
-.-.-.-
Abreviaturas encerram em si enormes acordes, ínfimos polegares de nos mesmos.
-.-.-.-
À poetisa somente o que a onere de caos: palavras e duas gotas sem sentido.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Interpretações Sobre o Amor.



A solidão plena vara do absurdo ao íntimo
na velocidade fugas do meu dinheiro em suas calcinhas.
Enquanto vejo simplesmente a onda bater,
apelação ao que somente persiste,
essa vontade louca de não me bastar.
Numa planície de oliveiras
todos meus passos seriam não somente reverenciados
como também norte.
Na cidade, umbral de desespero, somente a sombra sofistica o luminoso,
o resto continua sendo álcool, solidão e dinheiro.

(poesia sob charge Mandrade - http://etristeviverdehumor.blogspot.com/)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

cabelos amarelos



Estalaram algumas palavras enquanto eu corria,
ecoavam sílabas, revoavam até versos inteiros,
no resfolegar das avenidas o canto era nada
melodia entre o que se conquista e o que se detesta,
era a sombra o vórtice e o esquálido sorriso.
Lembro-me apenas de tuas suaves costelas
e dos teus cabelos amarelos como eram amarelos.
para a salvação total nunca teria dito amor, juro,
mas quem jura mente, prometo,
quem promete nem sente.
Deixo ficar, ficar-me e ficar-se.
Deixo a vida no que há de vir
e comungo enganos com meu amor,
errando numa estrada de colírio e espinhos,
lá se vai outro tempero de amor.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

eu e tu



Tantas almas soltas ao léu
vento à dentro.
Tantas pétalas soltas
caídas de um sorriso lindo pálido.
Olhos simples e riscados
numa pele clara-honesta.
Como se os sentimentos lhe fossem alma.
Lágrimas nos lábios de
uma moça linda
que mal diz.

Mal diz suas várias tantas dores
sofre o carma que escolhe
envolvida noutro laço amor.
Sofre tanto, pobre moça.

Mas que canto de olho mais lindo
e que pedaço de pescoço belo
parte nua da perfeição.
E na blusa amarela e doce fazendo correr
em versos todo o encanto
de seu contorno semi-deusa.

Como o final de um suspiro,
uma baforada que se faz nuvem
nesse desencontrado ar,
desencontro-me de ti.
Desencontramo-nos do amor
e fim.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ao Sabor do Desespero



Hoje acordei com a certeza de que ontem deveria ter-lhe dito.
Hoje acordei com a palidez no rosto daqueles que temem o amor.
Hoje acordei sozinho, na cama e no coração.

Vítima de sono intranqüilo vivo à sombra do romantismo.
Envolto nesse véu de certezas convictas, descansa o monstro da cobiça.
Essa sede de conquistas ultra-marinas, que não cede.
Não há espaço, em meu podre peito, que a abrigue como leito

Em meu podre peito só há espaço para um leito.
E nele, teso, deito-me arfando de horror e medo.
Nele pereço, revelando ossos e nervos ao sabor do desespero.

sábado, 15 de janeiro de 2011

beijos arredios



por onde passo só o que sinto
são os beijos arredios das folhas caídas.
em todos os momentos, do cinza ao amarelo,
só o que sinto são beijos arredios.
dentro dos casulos, meio metro de solo,
lâmina de rio, fossas, fundos e afins...
em nenhum lugar me livro dos beijos arredios.
por onde quer que me leve a curva,
noutros tons de uma paleta inaudível,
na qual uma dona pinta seus tecidos velhíssimos,
soy lo que soy.
em detrimento ao todo perduro na existência
de fragmentos e cada milímetro desses,
em pedaços ainda mais sofrivelmente mínimimos,
sou eu ainda...
na impossibilidade da secção,
quando da esperança divisível,
beijos arredios.
estagnados, comprimidos e empedrados,
todos eles e de todas as formas,
os beijos arredios me condenam.
do todo ao indivisível, passando pelo ainda
e cruzando os limites do sem fim,
sou eu onde quer que estou,
continuo ainda sendo lá, cá e detrás,
sou o tempo, condenado a beijos arredios
que nunca hão de se bastar.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

perdi a estribeira



Perdi a estribeira,
joguei fora meu rg e meu celular.
Joguei fora meu maço e meu isqueiro.
Tirei a camisa e o tênis,
fiquei bermuda e tatuagem.
Fiquei também com brilho nos olhos.
Corei, chega fiquei saudável!
Também sofri.
Taquicardia, sudorese, tremedeira,
cachoeira de versos afogaram a imaginação.
Fiquei foi delírio puro.
Troquei teu nome,
teus olhares,
beijos,
teus carinhos,
nosso amor.
Passeei por um asfalto gramado
por pétalas de jasmim.
Perfumando-me da ponta dos pés
aos neurônios neuróticos.
Sorriso bobo na corte
de minha caroça,
pau de cerejeira.
A dança que espanta minha ignorância sobre a felicidade.
O sorriso que me salva da lágrima.
Que lindo, eu ali ao seu lado,
sorriso calado dentro dum peito,
num par de olhos.
Um par de olhos
que carrego impregnado na minha pele.
Levo aos lugares aonde vou
como um estandarte.
Dom Quixote versus
coletivos monstruosos,
de portas-dentes arreganhados
devorando-me o soldo
dez centavos de troco.
É quando fecho os olhos
e lá você me sorri de seios fartos,
abraços longos e pernas valentes
que me acompanham.
Lá se vai um futuro
de pensamentos em você.
Porém, presente mudo me grita ao coração:
desinteressante realidade.
Vou ficar por aqui
vou ficar por enquanto.
Me acompanham tulipas,
taças
e maços,
me pulverizam sonhos,
pesadelos e noites em claro.
Continuo remando
e balançando o calmo lago.
Continuo escrevendo meu prazer completo...
sigo continuando o sorriso
pensando em seus olhos aqui
onde eu alcanço
e os vejo bem de perto. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Viagem Imaginativa.



foram trinta segundos ou trinta horas?
foi enquanto eu tomava banho e a água caía?
quando que eu despertei ou adormeci?
quando eu te liguei e você tinha saído?
quando deitei sem te abraçar?

meu pulmão pedia ar, meus olhos verdade,
meus ouvidos uma informação,
a mente não queria se deixar levar,
meu coração saltando em espasmos,
pela boca pelo ventre
os meus músculos,
congelados num sorriso nervoso reprimido,
incompreensível.
Ninguém ao meu lado de mãos abertas ou cerradas,
nenhum bicho com um pouco de humanidade,
parceria não estabelecida,
uma angústia
nó na garganta
um desespero
um disfarce
entre o que penso ou que acredito
no que meus olhos sentem
sem meu coração ter visto nada...
aquilo que simplesmente nada é...
quando o normal e o natural se tornam um só...
minha imaginação festiva
e a capacidade de pensar na contra mão.
essa vontade estapafúrdia em cair ao invés de voar.
tenho cá essa opção por correr na angústia,
que não me deixa espaço pra optar em nada mais.
quanto grande essa estrada é,
no entanto, só me vejo nos atalhos
vendo tudo em labirintos.
passeio ao campo de rosas no qual
só os espinhos me encostam a pele
a rosa que não alcanço por não esticar o braço.
O noivo que eu não conheci
por ter saído da festa dez minutos antes do parabéns
ou o acidente que não aconteceu
porque eu saí dez minutos antes de avançarem o sinal.
minha mente não tem limites,
não vê dificuldade
quando minha intuição diz vai.
quando eu quero nado contra a corrente
até numa lagoa de patos.
ser você mesma não te deixa muita escolha.
é ser sempre um pouco mais do que se esperava que pudesse ser.
um passo adiante e outro dois quilômetros a frente.
a sorte que eu tenho de não ter que ser sortuda
minha roupa ensopada no calor ou na chuva
a nítida medida de não conter a luminosidade da lua
e sim por ela ser conduzida, iluminada e reflexoconvertida.
a expectativa de dez mil anos se passarem numa vida
aquela que não se administra,
extraindo apenas o calor da saliva
enquanto manipulo corpo com maestria.
a sapiência dos que vivem é mais esperta
que o contentamento e a estagnação dos realizados.
seja na poesia ou nas viagens imaginativas
quando o corpo se libera em adrenalina
quando minha casa for meu local de moradia
sem todas aquelas tintas ou esquadrias
eu e você tomando banho de bacia
sem arrepio pela água fria
sem lutar por soberania
eu e você vivendo dez mil anos em nossas companhias.
na realidade eu você e nossa passional realidade.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

4 pra 1



Um garotinho de 70 anos caminhava
tão distraído pela rua chegou sorrir.

* _ * _ *

A tinta escorria dos esgotos
colorindo veias artísticas
na poluição fundamental.

* _ * _ *

Falhas sutis
convergiam numa estupefata
solução delas mesmas.

* _ * _ *

compunha bem
sorrindo e caminhando
logo se via um velho a trabalhar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Canto para Sofia!


Independente, mas o verso consome o fantástico.
Não que ser recluso avenha sob meu paradeiro,
mas o somente basta-se em muito pouco
tua menina de cor é uma bela e ainda eu o queria,
mas que sá, um dia eu.
Morar esse teu sorriso ainda seria demais e pouco
se não teus olhos me tocarem noutra plataforma,
a degenerada sombra me guarda em verdade prende,
aprisionada o que seria ainda nada e suspira de maldade,
ainda sim, seu sereno sentir me faz além,
tecer versos num ainda vivo bandolim...
em prol de tuas mechas e sorrisos
canto para Sofia.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Solidariedade e Estado.



O Brasil desponta no cenário mundial com índices alarmantes referentes a desigualdade social, apresenta alta concentração de capital numa parcela ínfima da população. Os institutos de pesquisa traduzem em números e números bem volumosos a porcentagem absurda de imposto paga em qualquer produto ou serviço e ainda sim as políticas públicas deixam a desejar em todas as áreas. Cabe então a sociedade civil em geral mobilizada em ONG`s e associações afins ajudar no que é possível e no que está ao alcance de suas ações.
A solidariedade dessa parcela da sociedade é uma tendência a se ocupar as lacunas deixadas pelo Estado no que se diz respeito a seus deveres e obrigações com a sociedade. Esse espírito de companheirismo e até patriotismo é a manifestação explícita do desapego das pessoas no que diz respeito ao individual. A solidariedade é a materialização de um sentimento, sensação, desconforto e até mesmo sofrimento que permite abrir mão de tempo, dinheiro ou bem em prol de um semelhante necessitado.
A responsabilidade deste tipo de ação em nada se assemelha ao conceito de dar esmolas ou ajudar pontualmente os necessitados. O tipo de solidariedade em voga atualmente vai muito além, ela é na verdade a ferramenta para a construção de um mundo melhor.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Epigrafe de Lacisferâna!



Replica salto o que não era mágico
pra simples.
Fixo não ponto o que anda
e o que sente,
sentições, serenas nada além.
Debilidade sociomotora,
sentrifugações, espalmos palpitantes...
soslaios.
Revérberos e socímiles
complacência
purgan causas, tolerências
além de calibres e previsões.
Em tanto o tão talentoso,
entre outros o somente tão.