quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Viagem Imaginativa.



foram trinta segundos ou trinta horas?
foi enquanto eu tomava banho e a água caía?
quando que eu despertei ou adormeci?
quando eu te liguei e você tinha saído?
quando deitei sem te abraçar?

meu pulmão pedia ar, meus olhos verdade,
meus ouvidos uma informação,
a mente não queria se deixar levar,
meu coração saltando em espasmos,
pela boca pelo ventre
os meus músculos,
congelados num sorriso nervoso reprimido,
incompreensível.
Ninguém ao meu lado de mãos abertas ou cerradas,
nenhum bicho com um pouco de humanidade,
parceria não estabelecida,
uma angústia
nó na garganta
um desespero
um disfarce
entre o que penso ou que acredito
no que meus olhos sentem
sem meu coração ter visto nada...
aquilo que simplesmente nada é...
quando o normal e o natural se tornam um só...
minha imaginação festiva
e a capacidade de pensar na contra mão.
essa vontade estapafúrdia em cair ao invés de voar.
tenho cá essa opção por correr na angústia,
que não me deixa espaço pra optar em nada mais.
quanto grande essa estrada é,
no entanto, só me vejo nos atalhos
vendo tudo em labirintos.
passeio ao campo de rosas no qual
só os espinhos me encostam a pele
a rosa que não alcanço por não esticar o braço.
O noivo que eu não conheci
por ter saído da festa dez minutos antes do parabéns
ou o acidente que não aconteceu
porque eu saí dez minutos antes de avançarem o sinal.
minha mente não tem limites,
não vê dificuldade
quando minha intuição diz vai.
quando eu quero nado contra a corrente
até numa lagoa de patos.
ser você mesma não te deixa muita escolha.
é ser sempre um pouco mais do que se esperava que pudesse ser.
um passo adiante e outro dois quilômetros a frente.
a sorte que eu tenho de não ter que ser sortuda
minha roupa ensopada no calor ou na chuva
a nítida medida de não conter a luminosidade da lua
e sim por ela ser conduzida, iluminada e reflexoconvertida.
a expectativa de dez mil anos se passarem numa vida
aquela que não se administra,
extraindo apenas o calor da saliva
enquanto manipulo corpo com maestria.
a sapiência dos que vivem é mais esperta
que o contentamento e a estagnação dos realizados.
seja na poesia ou nas viagens imaginativas
quando o corpo se libera em adrenalina
quando minha casa for meu local de moradia
sem todas aquelas tintas ou esquadrias
eu e você tomando banho de bacia
sem arrepio pela água fria
sem lutar por soberania
eu e você vivendo dez mil anos em nossas companhias.
na realidade eu você e nossa passional realidade.

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