terça-feira, 28 de setembro de 2010

Digno Orgulho, Um Manifesto!



Pula comigo?
Quem está aí?
Pode brincar?
Cadê meu negócio?
Assim escrevendo o pré disposto
a energia ganha forma e matéria.
O infinito tem agora cor e forma
e doce e cheirinho de fruta.
A felicidade em seu instante máximo,
é o que se tem para satisfazer a alma,
só uma absurda felicidade total e completa,
irrestrita e fundamental enquanto algo irrevogável.
A realização encontra vários caminhos ocultos
enquanto ainda consegue ser texto inacabado,
arte em esboço o essencial ainda infrascado no impossível.
Nessa hora o mais importante somente é o crer,
em vista da ciência mais inexata,
da sabedoria mais arcaica,
pormenores infindáveis
e exceções gloriosas,
a confirmação de uma regra básica:
a felicidade mora no transparente.
Segui, então, em paz,
todos nos que seguimos,
enquanto o inatingível se torna básico,
pular é só uma questão de desprendimento!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

no meu pensamento esses zumbis




No meu pensamento esses zumbis.
Esses zumbis pelo meu corpo.
Pelo meu corpo as feridas inflamadas.
Coleção de rimas desencontradas.
O desencontro rimas a fora,
movimentando as vidas nossas.
A distância que me faz muito bem perto
quando eu penso na mudança
a mudança no pensamento.
No meu pensamento.
No meu pensamento aqueles zumbis.
Eles me acordam durante a noite
e me atiram na escuridão.
Sigo zero gravidade, sem coragem.
Onde foi parar meu mundo,
tema e poema?
De que maneira termina a cena?
Da maneira mesma que se termina a mesma cena.
Crucificada pela alma sem tema.
Com um caderno branco de palavras apenas pensadas.
Minha sorte imaginada,
a planta nascida na calçada quebrada.
A gota nascida da garganta amarrada.
Todos os versos crescidos no descampado da alma.
Na densa floresta das obrigações.
O mel que brota sem favo.
Se pular do arranha céu vai doer, ainda há de doer menos,
bem menos, muito menos
do que continuar nesse pesadelo,
sonhando o acordado fardo
de viver escrevendo, vivendo
e sendo.
Alma à pena dada,
lixo sendo varrido pela calçada.
No último verso dessa embolada
o final da cena questionada.
De meus punhos a rubra cachoeira
a bebedeira dessa eterna saidera.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

when something breaks




Quando alguma coisa quebra
de inestimável destempero
sofre-se como poucos,
cada um em seu próprio,
destino ou livre
tanto que se faça há muito ainda
e ainda e ainda muito.
matéria que somos e reagimos,
nossos únicos tendem unidade fundamental,
ou seja, uma prece:
Plumas e Fitas,
eólicas estruturas divinas,
não deixem o uno involátil,
sublimem montanhas e cenários,
em prece e luz rogo,
em prol de um uno misto,
pastagem ou relva,
sépia ou prelúdio,
capitania ou sossego,
em prol de um uno misto,
em prece e luz rogo,
sublimem montanhas e cenários,
não deixem o uno involátil,
eólicas estruturas divinas,
Plumas e Fitas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amém Primavera




Vim dizer o que nasce,
incrível seria pouco ou quase nada,
salvação vindoura meu plantio
nas esquinas onde nada há,
pura semente colheita formosa
e ainda assim sem devastar o seringal.
Não sei de plantas, talvez
de repente, sabe-se lá,
alguma criança que ensine sobre ser.
Talvez alguma criança,
ainda que tardia mostre o como,
sempre assim sempre sim.
talvez enquanto eu criança de mim
durmo em pastos e rios e árvores
de meu pai,
consigo construir um todo belo,
sempre que sim, sempre que não,
a importar somente a vida,
espero apenas que uma criança me ensine...
Amém Primavera.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

os pelos crescem




Os pelos crescem no contorno de um rosto que não é mais face.
Abaixo dos olhos negra mancha contrasta clara pele ressequida.
Os anos vão-se passando em larga escala, calar o peito robusto.
Para conferir os aferidos dias que se passam, a cama soluça um pranto nela impresso.
Faço leito todo o peito derramado nos lençóis de pura dor e desesperança.
O futuro que chega, em verdade não chega se aplaina de passado.
Os versos não me poemam, corrompem-me a virgindade do feliz viver,
riem da maldade e soluçam de palmar exposto ao turbilhão das emoções.
Por fim não há poema, nem sono, nem pranto.
Somente a poça de vomito sujando o chão da minha cara.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Sonho que te dou.



Olha corre pra ver,


o presente que te dou.
Te trouxe o sonho,
vou ser teu par de letras:
lá.
Vamos!...
Dê-me a mão, o coração.
Seus olhinhos pequeninos
em cílios acolhidos
que te vestem o sorriso.
Como belo casado com lindo.
E tuas mãos a me correr a alma corpo a fora.
Tuas mãos dentro do meu peito,
entre o cérebro que sonha em vigília.
Na pura solidão o pensamento meu refém por mim.
São meus sonhos por teus braços displicentes.
Tal o dia da esbarrada do meu sorriso,
da minha charada...
A mais perversa afirmação
no melado doce.
Meus delírios nos teus ouvidos,
nosso sono conquistado em soluço,
feitiço,
o sangue mestiço dos enluarados protegidos,
pelo sol seguidos e perseguidos,
longos dias de céu azul e limpo.
Durante a também reluzente madrugada...
dessas noites de sono pensado e inconquistável.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

o malévolo social



o malévolo social é oculto,
nem sombrar se deixa permitir
caminha os não passos
e pensa em não palavra,
ainda sim,
desencadeia o inerente,
conversa em inaudível
e enxerga além do ver.
É isso mesmo,
o malévolo social é oculto.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

sobre inquietação, pormenores e fundilhos




acontece todo tempo
todo tempo o tempo todo, tudo acontece.
ocasos casos de se juntar ao retorquido
o linho passado engomado ou noutros tantos.
seguir a frente pelos planos ou soluções equitativas.
de repente soubesse o quanto grão há no milho.
ainda sim, o passo semi serrado
orienta uma soberba inquietação:
refletir os doravante
ou pormenorizar as intempéries.
quem sabe?
acerca de beneméritos e pompas,
fundilhos puídos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

agradeço




agradeço ao samba,
por me fazer companhia quando os batimentos
se tornam supérfluos.
agradeço a Deus,
por espreguiçar essa manhã,
a boa noite de ontem,
o boa tarde de amanhã.
agradeço meus pais,
os mais gladiadores conflitos
forjam os mais bravos guerreiros.
agradeço a inspiração,
por tornar-me menos humano,
menos carne, menos osso, menos matéria.
agradeço a maresia
a compor eternos acontecimentos
na fronte de quem não se deixa anestesiar.
agradeço ao mal, a escuridão e aos cacos do caminho,
esses pedaços de vida,
capazes de me apresentar o bem, a luz e os inteiros caminhos.
agradeço ao impossível, esse anjo torto da perfeição,
a tornar momentos como esse.
o agora,
o que seja esse e não aquele possível,
Obrigado.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sim, é minha




Sim. É minha
É minha essa mão vil que te afaga.
É minha também essa boca na qual escarras.

Fui eu quem a apedrejou.
Contudo, porém, também fui eu
quem a acompanhou nesse mar.
Amarrado no porão dessa nau.
Rastejamos juntos da lama ao caos.

Desculpe-me ou não essa é a minha vida.
Uma lembrança que não termina.
Segue então tua desgraça que eu sigo a minha.
Mas não guarde a lembrança,
que tanto nos sacrifica,
guarde apenas essa ferida,
que não mata nem cicatriza.

(Inspirada no poema “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos.)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

saudade ao molho pardo




Sentei-me à mesa
e logo a esperança veio a servir-me.
Levou tempo até a realidade
nos interromper.

O amor sentou-se numa mesa próxima.
Chegou acompanhado da paixão,
que mordiscava-lhe o pescoço
e dizia
sandices ao pé do ouvido.
Arrepiado e bem corado,
o amor deixava-se ficar

Entorpecido vi-me
refletido no
precário casal.

A realidade calou-se,
voltei a ter com a esperança.

Fitei-a nos olhos e pude ver
realidade refletida.
Já maculado por aquele reflexo,
ordenei:
- Quero saudade ao molho pardo!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

calei o vértice




Calei o vértice,
pois de exata não há métrica possível para defini-la.
Apaguei têmporas, lóbulos e frontes desterradas.
Desliguei as plumas, penachos e paetês,
desisti dos castelos, barcos e taças.
Nada a dosá-la.
Não há instrumento capaz de medir a exatidão,
o despautério ou os pretextos da sua beleza.
A beleza de ser simplesmente encanto,
encantadora de virtudes, momentos e sensações.
Acendi e ascendi ao plano das incautas criaturas
que inevitavelmente por ti se apaixonam.
Enquanto meu passo é só uma mentira,
fica a verdade para o caminho, a realidade para o destino.
Luz plena e absoluta de inverno,
tua brancura é meu destino
e nossas arestas o trunfo para a vitória.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

meu pensamento rima fácil




Meu pensamento rima fácil, bem fácil.
A poesia me perdura e te dedura.
A ponte construída durante anos num verso caiu.
Se o obvio te condena não me culpe nem sinta sua pena.
Pesada pena é mesmo a nossa que se carrega na desentrega.
Não. Desculpa, mas sua vida não é cinema,
e não se compra mais lingüiça com trema.
Como? Se confundir entre mensagem e tema?
Saia do dilema ouça com paz e eloqüência,
a voz portuguesa gramaticalmente acesa,
guiando-nos em pastos de plena grandeza.
amplitude da sapiência
meus pensamentos aos prantos,
vomitados numa bacia de louça
minha amiga privada, que não rima de cara,
somente no final de outra noitada...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

papo de amiga



em algum barzinho do baixo gávea:
mas e o Bruninho?
ahff... amiga, nem te conto... tive que terminar tudo com ele
por que?
ah, sabe como é né, gata, aquela coisa demais, não sei bem, mas sabe, tipo um lance bom demais, sabe?
Sei, sei sim... eu e o Bê foi a mesma coisa no começo, agora, olha aí, é jiu-jitsu as terças e quintas, peladas as quarta e domingos e ainda tem estágio, academia e o maldito maracanã, que graças a Deus vai fechar.
mentira? sério? fechar? nossa que doidera... mas o Bruninho era demais. carinhoso, fofo, atencioso, inteligente, aquele peito enorme, forte, com os cabelinhos certinhos, aparadinhos, barriga de tanque, ai... um sexo maravilhoso, preocupado comigo... na cama era só carinho... e eu alucinada me encvolvendo me entregando e cada vez mais, ai, uma delícia, e carinho, beijinho, aquela voz maravilhosa no meu ouvido me arrepiando inteira, estremecendo minhas pernas e molhando minhas calcinhas só de falar pelo telefone... e eu cada vez mais envolvida com aquele homem lindo e sensível, um gentleman, companheiro, parceiro mesmo... ui... não agüentei mais, se não daqui há pouco to eu aí, feliz com dois filhos lindos, casada com um homem maravilhoso vivendo uma vida de sonho, já pensou? não, comigo não, terminei com ele pelo Orkut mesmo, deixei um scrap que não dava mais e marquei de sair com o Claudinho, sabe aquele meu vizinho?
ai, aquele que fazia pega e vivia aos berros com a mãe?
é, mas isso não rola mais não...
hum... ele se acalmou?
não, a veia morreu mesmo e o carro dele tá apreendido, Lei Seca.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

poeta




Poeta e bêbado,
alcoólatra caindo pelas tabelas,
barras de saia e beiradas de penico.
Poeta Bêbado abstêmico...
de mais...
Nem é poeta é punheta,
xarope!!!
Desterro, desmérito desraciocínio.
Lexa criatura de nós a poesia.
Desastrosa convicta e relez...
encontra-se no chão, na rua,
no butequim e no puteiro.
Poesia de puteiro...
Poeta de vadiagem,
espírito de porco na lama,
peçonha de ser humano por nada.
Poeta na beira da privada vomitando de dor...
Vomitando de não estar mareado...
vomitando por estar em terra firme...
Enjôo de sobriedade, já passa!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

menina, menina, menina.



sonho real, carisma de sentimento...
meu sorriso pelos cantos
onde vejo nossos carinhos,
assim mesmo, mesmo assim,
pelas ondas do pensamento em fuga,
deslizo esguía e contente.
solução absoluta,
um perfume de nos dois
que passa pelas brisas,
encontra os coqueiros,
assumem várias posições.
o cotidiano, coitado genérico,
demasiado mesmo,
para nossas soluções alternativas,
limita-se em ser.
vai assim meu véu bailando noutros instantes,
sofrendo o sabor delicioso do absoluto,
confirma somente o por vir
e abraça solene meu potinho de suspiros,
cada qual num absoluto espaço único,
adoro sentir minha íris brilhar,
meu corpo torcer pelo desejo de nos dois...
mesmo assim, assim mesmo,
consigo bem entender a solução,
meu carinho no seu peito...
nada mais,
apenas uma menina que ama!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

maria largada




Pestanejar de migalhas ao chão
tu passando noutro plano essencial
o que partilhas pronde vai nunca vi
sinto ser, sinto ser, sinto muito eu.
Gostas, cachorro, dessa correia?
o mesmo deveria saber eu,
de entranhas voláteis e obscuras
uma serpente como diria o fatídico pastor.
O sangue no olhar do vampiro
noutro modo não estaria tão vivo
quanto nesses viadutos de tecidos.
enquanto o próprio vermelho sufoca,
outras bandas referendam
pela sumidez destemperal do uso.
é que não realmente conheço
outros cantos de esmalte que não
numa prateleira.
Seja esse todo o surto,
cai na mão do mundo a solução desse pranto.
Outra Maria Largada.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sobre um tal lado b



Viramos o disco pra ouvir as palavras em B, nada.
a vitrola disse que o lado b tava de greve e não ia falar.
Ei Como pode? Manda falar, sim senhora, quero ouvir,
cantar e viajar nesses tons amenos da musicidade.
Impossível, madame, repetia igual vitrola mesmo.
Muito louco.
Tomei o gravador na mão e disse não vai cantar não é?
Impossível, madame impossível, vitrolescamente...
Arremessei com toda força o gravador de encontro ao prato.
O estardalhaço durou três dias e três noites
no final desse tempo
eu tinha um gravador de agulha,
uma vitrola que tocava fita
e um disco com o Lado B ainda em greve.
Desistimos da pendenga no raiar do 4º dia,
pegamos uma praia, fumamos um fino
e no retorno ao sagrado e doce lar,
vitrola e gravador estavam cada qual na sua.
e o disco?
Bom o disco parece que saiu em condicional,
indulto por bom corpotamento ou algo do tipo
e nunca mais se teve notícia do dito.
Nem me lembro o artista,
mas me lembro perfeitamente...
Blues