terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

conhecer o improvável.



Conhecer o improvável.
As ondas e as chamas não se bastam
nem no ar nem na poesia.
Norte ou sem rumo.
Para onde nos leva a seca?
Bem perto do nada joguei rede e prendi anzóis.
Da bela mancha angariei trevas e rosas também.
Pintei o céu de amarelo.
Esculpi a vila de Brisa,
picada na mata patas firmes.
Pisei o chão.
Nenhuma coisa andou para crer,
pela nobreza inevitável de tuas asas
meu peito respirou teso.
Era teu cheiro invadindo meus sentidos.
Céu azul.
Vila de pedra.
Caminho livre.
Vento nas árvores.
Rosa no caminho.
Em seu lugar, as coisas, ao seu toque.
Fecho os olhos
e na clareza da realidade sinto paz.
O desenho está completo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Limites sofisticados.



Em contenção as palavras
fio no punho.
Nonde outros segmentos nos motivam
fio no punho.
Nas prateleiras do sorrir desconsertado
fio no punho.
Quando erguer tua fronte e faltar-lhe o chão
fio no punho.
Confinamento de soluções atrozes
fio no punho.
Setembros voláteis
fio no punho.
Desde contemplações genéricas a louças caídas,
fio no punho.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

sacerdotisa



Sacerdotisa
sabor da vitória,
imóvel plenitude
convalecer de súbito
sublimar tudo
alvorescer Sacerdotisa,
no alimiar da sensação
o quase oposto ao ação
demesura de desterro,
especial arqui contra limitação
especiais pedaços,
ser onde ser é somente isso
azul, ser real.
Sacerdotisa saudações solenes
devaniar parece apenas ópio
nessas paragens de um coração
semiótico, o carinho me será confidente
numa pesca ou brisa estarão seres e luzes
entre atos do amanhecer será frio de início
deixo aqui nenhuma reza ou oração,
semear pastos, Sacerdotisa, minhas unhas
são demasiado grandes,
há muitas tintas nessa minha tela de muitos anos,
erros, berros, vômito e algo mais,
memória desmemoria,
deixo aqui uma testemunha
Minha letra em Sua Adoração.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

devaneios do não bom



Catapulta
assombro
impacto
escombros morte
devaneios do não bom
pólvora
faísca
vácuo
estilhaços morte
devaneios do não bom
caneta
ganância
capital
corrupção morte
Devaneios do não bom.

Caminhando novas páginas.



Fechado.
Canto de mundo.
Quando corri na trilha Sabiá me viu de longe.
Por onde andava tua luz?
Sabiá, bicho sabido.
Sem saber canta DEus, mas é só começo.
O que nada foi abrangido invariável será.
Invariávelmente vai ser.
Ainda que surpresa, no entanto soberba.
Experimentos do sentir, esse capricho do canto nulo.
Primeiras vezes nefastas,
a surpresa pode virar vício.
Um punhado de qual queres coisa
paga assoberbado estúpido vagabundo.
É que o estômago ruge saber as horas.
Janelas abertas no canto de mundo fechado.
O homem que não sabia olhar as estrelas.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Bandeira 10



A consciência elevada ao cúmulo,
exponencial talento fabuloso,
anos luz de evolução, seleção
e DNA até materializar-se.
Completa e também complexa
estrutura químico físico biológica,
dom.
O tecido do caimento,
o sorriso cai bem aos olhos,
a palavra da hora certa,
estalar de palmas,
vento de assovio,
cheiro de chuva, suspiro doce,
coração na garganta, nó no estômago,
espaço suficiente,
movimento em contemplação,
asas ao vento, a rede e o 10.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Abraça teu irmão



Abraça teu irmão que a tristeza vai embora.
Livrei-me de toda mágoa,
sorriso e aperto que espanta lágrima.
A pele foi ferida e a cabeça arrancada.
Acenderam o estopim dessa jornada.
A planta foi regada quando ainda terra.

A pele foi ferida e a cabeça arrancada.
Nossa liberdade foi toda esquartejada.
Censuraram a boca,
mas a cabeça não se cala.
Nem todas as correntes dão a volta ao mundo,
então eu me separo, logo sou o investigado.
Pouco polido verbo é:
vindo e indo.

Fugi de tua masmorra, caí em tua vila.
Fugi de tua vila, caí em tua cidade.
Fugi de tua cidade, caí em tua sociedade.
Espera mais um pouco,
“devagar também é pressa”.
Te bateu um desespero?
É a vida que te chama.
Abra os olhos não o deixa
fazer de ti a podre cera,
pra derreter em fogo baixo,
uma vela iluminada,
muito menos o palito.
Apagô?
Tem mais na caixa.
Bom mesmo é ser chama,
que oscila, mas não apaga.

chama forte, combustível dos que berram,
alardeiam mundo afora o torpor que nos sufoca.

Bom mesmo é ser chama.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Relampejou em meus olhos a paixão,





Relampejou em meus olhos a paixão,
dois verdes flashes ascenderam da escuridão.
Foi um suspiro ou foi um trago?
Foi sim um sorriso, meio de lado, foi canto de boca,
foi meu, foi discreto, foi feito só pra ti,
foi um soneto, poema pequeno, rimado
que terminou no primeiro parágrafo
e nem deu tempo de explicar,
nem num breve momento que o poema ainda tinha muito por dentro.
Tinham todas tantas outras linhas encaixadas umas nas outras,
cheias de bossas e gingas
palavras que no primeiro momento não causam rima,
mas se relaxas e deixas a mente sadia
verás que tudo que se fala vira rima.
E rimadamente fugindo do fim que nos aguarda,
falemos das rimas meias, meias rimas,
que se formam por acasos de despedidas ou partilhas,
tentativas frustradas de juntar o princípio ao fim,
o sim e o não, teu corpo ao intangível, tua alma à minha...
minha boca, tua boca, nossas bocas e uma língua sedenta
que por instantes esquece de versar
nosso amor com dor.