terça-feira, 31 de agosto de 2010

tentações partidas



novamente de ainda meu todo se completa em quases.
uma experiência do infundável, acalantar todas essas marolas.
mas o sábio é que devia estar certo,
enterrem seus mortos, enterrem seus mortos,
repetia sem parar enquanto meus joelhos ardiam.
para se compor o cenário tive de torcer esporas
não seria menos que fundamental
tropezar en los versos
para compor meu hino de guerra,
ainda sim sigo borracha de eternidade.
(na verdade sou viciada em indefinições
e mesmo frente o quadro completo
quedo-me em tentações partidas).

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sobre paus, pedras e bandos



Conferir de perto o deserto humano,
estar solitário, somente nisso,
encontrar ninguém e dividir o nada,
estar absorto no cataclisma
degenerado de sucessos e bases.
Adaptar ao severo cenário,
palavras, vozes, estampas e botões,
coisas de quem não mais.
Calamitar os infortúnios
de cerol forte qual aço,
cola, sal, visita, demora, passos,
vazio do fim.
Abandono completo, vastidão...
plano a se perder de vista,
vista a se perder,
perda, perda, perda...
Solenidades de chão, palco, Talarico
e feijão azedo.
De volta aos costumes:
Bando de FILHOS DA PUTA!!!

domingo, 29 de agosto de 2010

o sonho que te dou




Olha corre pra ver,
o presente que te dou.
Te trouxe o sonho,
vou ser teu par de letras:
lá.
Vamos!...
Dê-me a mão, o coração.
Seus olhinhos pequeninos
em cílios acolhidos
que te vestem o sorriso.
Como belo casado com lindo.
E tuas mãos a me correr a alma corpo a fora.
Tuas mãos dentro do meu peito,
entre o cérebro que sonha em vigília.
Na pura solidão o pensamento meu refém por mim.
São meus sonhos por teus braços displicentes.
Tal o dia da esbarrada do meu sorriso,
da minha charada...
A mais perversa afirmação
no melado doce.
Meus delírios nos teus ouvidos,
nosso sono conquistado em soluço,
feitiço,
o sangue mestiço dos enluarados protegidos,
pelo sol seguidos e perseguidos,
longos dias de céu azul e limpo.
Durante a também reluzente madrugada...
dessas noites de sono pensado e inconquistável.

sábado, 28 de agosto de 2010

letra pelos cantos




Sombras e cantos
em minha casa sobra muita letra pelos cantos.
Vez sim coleto alguns verbinhos e substratos,
cá e lá dormem algumas perguntas
ou se enroscam pelos pés das cabeceiras
enquanto suscito algumas lebres da cartola,
mas o mar é tão sereno que chega me amar.
embrulho os significados em plástico,
a maresia corroeu tudo e todos na essência
somente eu, zé e as letras ficamos intactos,
talvez pelo nosso soluço não ser de pranto,
sim de riso.
quando as coisas ficavam pretas, zé competia comigo
e riamos imensamente.
nos tempo de hoje ficaram só as letras pelos cantos,
vez sim coleto alguns verbinhos e substratos,
cá e lá,
pra fazer surgir algumas linhas de desalinho.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

poema pararara



Fujo, fujo,
tento, tento,
acabo novamente nessa.
Mas é gostar muito, né não?
Pultz Grila, do tempo de vovó,
tá doido eteceteraetal.
Inda tem mais, muito, tem sim...
É isso mesmo, inegável paixão,
magia de roda, sei não...
de dar em dois e em três, quatro:

Sem Noção Samba Clube...
orgulhosamente apresenta:
O Fino do Traço...
[aplausos]
...do traçado!
[gargalhadas]

Voltando,
não consigo, nem quero largar,
amém que não.
Deixo ser então, ora!
Assim seja!
Assim sou.
Opá! Assim sou...
mas deixa de tropeço e de queda.
Mim caminhar a pé,
montado,
vestido,
vigília ou caído,
já não me basto em como.
Frente.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

cheia brilhante




Vai cheia lua brilhante,
alta e prata.
Pela metade a consciência mal alambrada
entre cheiros de jasmins
e covas rasas.

São tantas as planícies,
que de imaginar se vão ao chão.
Sob os pés a garantia seguinte.
Os que se dão
sabem a força do amor.
Antecipam opinião.

Quanta bênção traz lua cheia?
Meu permanecer em outros corpos?
O sabor da fruta viva?
O beijo quente?
A saudade afastada?
Quanto mais sua noite tarda?

Olha lua olhos negros.
Escuridão do pensamento
brilha bem na minha cara.
Vê se me tira da jogada.
Essa boca enevoada
só espera o ouvido teu

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

acerca de congratulações




por causa da espuma e da arrebentação, parabéns.
Ouvi dizer que seus demônios se mudaram,
nunca havia sabido desse fato ser possível.
Parabéns.
por causa do ponteiro e do acontecido, parabéns.
Vovó me escreveu sobre a salinidade de tuas ações,
não eram lágrimas, era sorriso, emoção, que bom.
Parabéns.
pelos cantos até o todo, o completo de partes, parabéns.
Cruzei contigo pela rua, não me reparastes,
caminhava demasiado decidido, definido,
em teus rastros havia bolhas de amor
e pedaços humildes de um chocolate novo.
Não importei por não me vires, nem falar-me.
Sou esse espectro a te cultuar na mais leve brisa,
poderosa, porém sutil e terna.
Continua minha criança, a tornar lírico o factual,
em teu dia seja o que fores e flores, flores e mais flores.
Parabéns criança minha,
teu anjo te guarda, louva e orgulha-se do filho.
Não o pródigo, não o perfeito, não o infalível,
simples e absolutamente o que é meu,
meu orgulho, seu próprio orgulho,
parabéns, criança, parabéns!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

acerca do artesanal








Se eu tivesse um par de olhos
seriam totais artistas solos.
Por eles rolariam muitos cantos
e também seriam abortados vários versos.
Habitariam neles borboletas verdes,
amarelas e azul turquesa.
Toda sorte de batidas
de sinos e asas,
perpetrando entre carinhos e sonhos,
na penumbra do instante,
o inflexionavel verso amar.
Seria possível ouvir as letras,
sentir os traços e até as nuvens pisar
como o desfolhar de um mal-me-quer-bem.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Sol, a Espuma e o Futuro.




Sorri finalmente um verso há muito inédito, puramente luz.
Incrível a sensação, o recheio, a qualidade, o prazer.
O novo som dos velhos acordes enquanto da maravilha dos sentidos.
A mudança da freqüência, o sentido único e exclusivo.
Não há mais tempo, feito que ainda há eternidade para o presente.
Sorrisos guardados e fora de hora.
A paixão em moedinhas,
mas a paixão vira supérfluo perto das veias,
do suor, do tempero, o calor, pernas,
mãos, detalhes, todos, complementos e sussurros...
não sei onde finalmente o inédito me espreitava,
porém cá nos estamos.
e o porvir?
O sol, a espuma e o futuro.

domingo, 22 de agosto de 2010

Viver sem sofrer por um amor.



Viver sem sofrer por um amor
é sorrir de tanta dor
é viver a madrugada
plenitude sonho meu
que derramo numa prece
lua vem e obedece
tua sina iluminar.
Chora vai tranqüila madrugada
em teus passos minha estrada
coração sob teus pés.
você em suaves gotas pratas
na faísca de uma brasa
afogar os sonhos meus
correm em meu peito longos versos
de amor e desafeto redenção
ao pranto seu

Flor, eu desejo mais seu beijo
que o beijo do desejo do senhor da criação

verdade o refrão da despedida
o início da partida
e nós dois ainda um
pequena a distância
das sua tranças
quando vem em minha lembrança
o calor do beijo teu
saudade hoje o mundo tem seu nome
endereço e telefone
que não posso mais tocar.

saudade hoje o mundo tem seu nome
endereço e telefone
que não posso mais tocar.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Aroma do Novo




Somente o aroma do novo
pra despertar versos tão poéticos.
Somente a sensação do desconhecido,
para fazer brotar sentimentos cobertos por açúcar.
que delícia estar inebriado de esperança, de gostosura.
por quanto mais eu quer que corra
por quanto mais estou correndo.
que delícia fazer do verbo um sono,
deitar e descansar da vida inteira
numa vida bem novinha
o começo da esperança.
“salta de repente
para ver a menina que vem”
você viu o amor?
ainda não cheguei tão longe assim...
apenas inventei outras formas de sentir você em mim...
inventei que você estava perto
e que minha discórdia com tua saia era pura cisma.
Saltei aos olhos do novo amor como somente os novatos,
ou os derrotados...
“so far so good”
estamos aqui revelando nossa carne,
levando à sério nossos mitos
botando à prova os sentimentos.
iniciando a nova vertente de outro rio
não o que passa,
mas o que continua, o que se eterniza...
na reticência de um poema que pulsa.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Bisa


Batizei você em pura euforia
no batente duma igreja em homenagem
à São Carinho.
Rosas brancas em pétalas curvas
de suas covas,
onde jaz um temporal de puro vento.
Babados, rendas,
revividas na esperança de uma avó
tecendo tranças na lembrança.
Uma vez, outra também,
vem você me fazer beleza,
teu sorriso que me põe à mesa,
tua fé que me faz a contemporânea ceia.
Teu nome lhe foi emprestado
por alguma cor
que ao me ver se faz em sol.
Brilhando a cara com firmeza.
Pura redundante rima
da aspereza com a cor divina.
Brilho com sorriso,
sorvete e passeio na rua.

Morei você.
Rua Nosso Senhor Coração da Harmonia.
Esquina que eu parava:
Pernas Cruzadas com Ombros de Batente em Pé.
Horas a fio, copo na mão âmbar, como me disse a mama.
Amarelada trincheira de meus punhos.
Só pra te ver passar.
Eita sonho que não me deixa
o acordo entre o sono,
e o despertar de seu dono.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

sobre cinza e sombra.




Talvez o cinza dessas manhãs me faça regurgitar essas sombras.
O vento frio cortante possa ser essa gastura que não me termina.
Noutra mão sento na poltrona esfiapada e sem mola
para aguardar o nascer do sol, pra que me afugente as sombras.
O mais legal das coisas que não sei é a alegria ignorante e parva
do embutido cotidiano.
Transbordando injustiça sou esse eu, pois em carne e osso
não foi o vento nem o cinza,
a sombra ou tua constante gravidade zero atual.
O cenário se faz completo por um destempero azedo agarrado aos pulmões.
Algo entre O2 e CO2 que nem mata nem esfola,
faz um limite tropego de sensações vazias.
Palavras borrocadas e esquecidas,
sinônimos sem sentido.
Talvez o cinza dessas manhãs me faça abrir verdadeiramente os olhos,
enquanto que dormir pra sempre em algum lugar desse quando me faria bem feliz.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Entre as tintas e o trabalho.


Trouxe tintas para quando nada houvesse,
nem a possibilidade do penso fosse possível encontrar os moços.
Mas qual?
Zero.
Nem vontade, nem onda, nem capricho,
só minhas unhas roídas no toco,
o ventre dilatado, meus cabelos crepos e desgrenhados,
a cinzidez da pele e o amarelo dos olhos.
Muitos tons para pouco retoque.
Não deve haver tanta tinta assim no mundo
capazes de compor um cenário meu,
acho que não.
Mais, há mais.
Minha sensação de ser alguém ou no mínimo a possibilidade,
como se fosse democrático existir.
Se não houvesse os seres humanos invisíveis,
os vistosos morreriam de pavor sem o saber.
Resta-me apenas ser mesmo rota
e maltrapilha, suja e puta.
Meu lugar no mundo designado
foi ficar longe do social, dormir ao lado do "boi",
administrando as mirongas de novas pestes e doenças,
entremeios de um complexo que não vem ao caso.
(SCHULAPT)
Detesto tapa na bunda, odeio, abomino de com força.
É vinte e cinco, falei.
Complementei doce e manhosamente -
Vâmu fazê un amôzin gostoso, vam?
Deitei como quem dá-se ao mundo inteiro,
fixei os olhos nas minhas tintas
e por quinze minutos me mudei da cama para o caderno,
meu lugar de ser pessoa.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

saudade




Que saudade, como vai? Comprei um carro, mas morreu-me o pai. Tudo bem era velhinho, sendo que o carro foi roubado, ainda novinho, e achado depois incinerado. A perda total me deu lucro raro, mas com o pai enterrado onde ia levar esse carro para ser pilotado? Também que se dane nem gosto mesmo de andar armado. Assim ficou salgado essa vida sem o Velho, mesmo cansado, mesmo ele apagado e sentado não estando mais do lado, sem co-piloto ando pelado. Vou de ônibus errado ver o velho enterrado. Nunca o encontro mas sempre está grisalho, do coco pelado e com sorriso de lado no mar todo salgado. De tanto sal derramado não há lugar para se ficar destemperado. Carregado de metade dos versos roubados e outras metades inventados, sigo feliz vendendo fiado os poemas, sorriso escrachado de quem anda parado.