sábado, 15 de janeiro de 2011

beijos arredios



por onde passo só o que sinto
são os beijos arredios das folhas caídas.
em todos os momentos, do cinza ao amarelo,
só o que sinto são beijos arredios.
dentro dos casulos, meio metro de solo,
lâmina de rio, fossas, fundos e afins...
em nenhum lugar me livro dos beijos arredios.
por onde quer que me leve a curva,
noutros tons de uma paleta inaudível,
na qual uma dona pinta seus tecidos velhíssimos,
soy lo que soy.
em detrimento ao todo perduro na existência
de fragmentos e cada milímetro desses,
em pedaços ainda mais sofrivelmente mínimimos,
sou eu ainda...
na impossibilidade da secção,
quando da esperança divisível,
beijos arredios.
estagnados, comprimidos e empedrados,
todos eles e de todas as formas,
os beijos arredios me condenam.
do todo ao indivisível, passando pelo ainda
e cruzando os limites do sem fim,
sou eu onde quer que estou,
continuo ainda sendo lá, cá e detrás,
sou o tempo, condenado a beijos arredios
que nunca hão de se bastar.

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