quinta-feira, 31 de março de 2011

Abrigos



Abrigos pouco confortáveis,
cobertores finos, larga escuridão.
Deméritos sobrepujantes num canto,
algum desespero que escorre pelas paredes,
flácidas desesperanças a soleira da porta.
Difícil relaxar, difícil sentir carinho,
difícil até remontar um céu azul.
Deixo foco centrado no centro do ventilador
que desaba a cada hidratação da córnea.
Desaba e volta. E volta a desabar.
É não há como dormir.
Ouço os cílios se resvalando,
encontro feitiços por detrás das cortinas,
reconheço vozes.
Não conheço seus tons, nem seus valores.
Sinapses, milhões de sinapses.
É muito tempo desabando ar para se fingir.
Levanto atônito e senil, desacordado de esperança.
Recolho alguns sumiços há muito destemperados,
coloco-os aconchegados entre o lençol e o travesseiro.
Eles olham desesperados ao redor
e desdormem com os olhos fixos no ar que desaba:
Fica um pouco com a gente?

Nenhum comentário:

Postar um comentário