quarta-feira, 6 de julho de 2011

pele e retina



Tua pele projeta na minha retina o perfeito acorde que vejo ao te ouvir. Noutro plano, sem lágrima devoluta, sinto respirar um ar que nada mais é que um H e cOraçãO. O peito engasga nas batidas e lá se vão batidas nos pulmões costelas coluna e segura, lá se vai meu joelho... mole, bambo, andando feito um canto que dançando a respiração cata os colarinhos e me sacode entre os decotes e me chamas de teu homem. Vem aqui te quero bem. Balança agora meu corpo todo arrepia meu braço do cóccix ao pescoço, arrepia atrás da orelha. Onde eu nem sabia que se sentia assim esse sabor. Cá na boca, na calada, garganta atada, falta ar pra palavra. Vibrar essas cordas já não há mais como saber. Apenas o acorde, o acorde apenas há. Incompreensivelmente perfeito e sustenido, sustendo meus ouvidos e levantando o pensamento. Atam vários laços construindo em torno de apenas um passo a correria de nossos corpos nossos braços no embaralho do sentido o despertar do universo mágico, as aventuras do encontro pensado. Imaginado, curtido, embalado, guardado, caído, esquecido no canto ali daquela gaveta, no armário do banheiro. Onde foi deixado aquele beijo mesmo? No topo de uma página escrita, prosa de mulher viva que não respira vibra, olha já sabe, pensa já decidiu. Numa esquina que dobrei não vi derrubei, foi porque tropecei onde passava uma vala triste e verde na qual afoguei o pé para continuar de pé. É que já vai tempo que me falta seu tempero pra seqüência dessa prosa desinibida que me atiça, fustiga a vida e me acorda. Moda de viola que me denota não ser o seu presente. Em co-notas lá se vão os versos meus a procura dos seus. Toques e carinhos e delícias de durações curtinhas e compridas, cozidas em fogo brando de esperança. Quando nossa pele alcança cama e choramos ao êxtase por todos os poros o sabor de amar ao completo, sem sombra, sem teto, caderno ou boteco. É nessa hora assim que fico eu levinho... flutuando assim assim. E pra quem duvida da realidade perdida ou imaginação vivida: passe bem, to de partida. Porque escrevi uma moça que ainda vai bem viva, musicando minha vida a poetisa das salinas adoçando uma tal praia linda.

sábado, 2 de julho de 2011

100






Esses monstros silenciosos na redoma de fé comungam acerca do estéril
mais que desgraça, menos que realidade, que sombra é essa?
não há palavra, não há descrição, não há vento nem lua.
um pedaço de partes, uma esquina de centelhas, onde será que morri?
tudo que ação constitui passado vira.
Esperanças, casas perdidas, contas atrasadas, pagas, por vencer...
numa onda gigantesca de estatísticas há muito menos, bem menos.
Sorrisos para fingir e problemas a aceitar.
nessa estrada com os pés atados corro milhares de metros,
migalhas de pra sempres que se passam assombrosamente para o passado.
não interagir em veias e sombras, não competir em paradas ou jogos.
chegar no ponto do ponto e aguardar ainda, um pouco mais, é o real.
repercutir as sobras e violentar as passagens que ainda nunca se cumprimentam.
é realmente estarrecedor alcançar.
alcançar pra sentir que a realidade é o inalcançável e que isso sim é real.
na justaposta serpente da bravura, do concluir, do terminar...
nada termina, ninguém acaba, nada se assemelha com a realidade do próximo.
a realização estar por vir,
numa sequência lógica e racional, cartesiana de sentimentos, sentidos, folhas secas,
mas por mais ainda nuvens ao chão...
saudades do 1.
Saudade do 1 porque nesse sim, expectativas de melhora já se bastavam,
ainda que o atual daquilo fosse nada e nada continuaria sendo,
saudades da esperança do 1.
Hoje, pra somar 99 ao meu 1 escolhi o ranger de dentes e o gosto de tijolo do que é real.
Real é cimento e pedra, o resto é poesia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Semente de Fortaleza.

Aqui, pra fazer jus ao nome, planto uma semente de fortaleza,
longe de ser status frente meus algozes.
Quero só cultivar esperanças.
Não que a responsabilidade recaia em meus semelhantes,
não que a perpetuação de um status seja eterna pra sempre,
o eterno pode até ser passageiro, ainda que não vaguem soluções.
Deixo aqui uma sementinha germinando e me inflamando.
Braços dados calor e pobreza, quero não caminhar passos passados,
executar as ações presentes numa tina de completo real,
nunca mais nesse próprio campo de ilusões, feixes e luzes.
Acabam as soluções, os prazos, as amenidades e os sorrisos.
que seja esse então meu regador para minha semente
e que seja água todas as letras das ditas coisas.
cavo
planto
cubro
Aqui jaz uma semente de fortaleza.
Perspicaz na morte, absoluta na outra vida.