segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sim, é minha




Sim. É minha
É minha essa mão vil que te afaga.
É minha também essa boca na qual escarras.

Fui eu quem a apedrejou.
Contudo, porém, também fui eu
quem a acompanhou nesse mar.
Amarrado no porão dessa nau.
Rastejamos juntos da lama ao caos.

Desculpe-me ou não essa é a minha vida.
Uma lembrança que não termina.
Segue então tua desgraça que eu sigo a minha.
Mas não guarde a lembrança,
que tanto nos sacrifica,
guarde apenas essa ferida,
que não mata nem cicatriza.

(Inspirada no poema “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos.)

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