segunda-feira, 27 de setembro de 2010

no meu pensamento esses zumbis




No meu pensamento esses zumbis.
Esses zumbis pelo meu corpo.
Pelo meu corpo as feridas inflamadas.
Coleção de rimas desencontradas.
O desencontro rimas a fora,
movimentando as vidas nossas.
A distância que me faz muito bem perto
quando eu penso na mudança
a mudança no pensamento.
No meu pensamento.
No meu pensamento aqueles zumbis.
Eles me acordam durante a noite
e me atiram na escuridão.
Sigo zero gravidade, sem coragem.
Onde foi parar meu mundo,
tema e poema?
De que maneira termina a cena?
Da maneira mesma que se termina a mesma cena.
Crucificada pela alma sem tema.
Com um caderno branco de palavras apenas pensadas.
Minha sorte imaginada,
a planta nascida na calçada quebrada.
A gota nascida da garganta amarrada.
Todos os versos crescidos no descampado da alma.
Na densa floresta das obrigações.
O mel que brota sem favo.
Se pular do arranha céu vai doer, ainda há de doer menos,
bem menos, muito menos
do que continuar nesse pesadelo,
sonhando o acordado fardo
de viver escrevendo, vivendo
e sendo.
Alma à pena dada,
lixo sendo varrido pela calçada.
No último verso dessa embolada
o final da cena questionada.
De meus punhos a rubra cachoeira
a bebedeira dessa eterna saidera.

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