segunda-feira, 16 de agosto de 2010

saudade




Que saudade, como vai? Comprei um carro, mas morreu-me o pai. Tudo bem era velhinho, sendo que o carro foi roubado, ainda novinho, e achado depois incinerado. A perda total me deu lucro raro, mas com o pai enterrado onde ia levar esse carro para ser pilotado? Também que se dane nem gosto mesmo de andar armado. Assim ficou salgado essa vida sem o Velho, mesmo cansado, mesmo ele apagado e sentado não estando mais do lado, sem co-piloto ando pelado. Vou de ônibus errado ver o velho enterrado. Nunca o encontro mas sempre está grisalho, do coco pelado e com sorriso de lado no mar todo salgado. De tanto sal derramado não há lugar para se ficar destemperado. Carregado de metade dos versos roubados e outras metades inventados, sigo feliz vendendo fiado os poemas, sorriso escrachado de quem anda parado.

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