quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pena, maldita pena

O que será de um artista sem a Pena?
O que será de um coração sem o sangue que lhe nutre de energia e vida?
Quantas outras infusões sofrerá esse bálsamo que me permeia a existência, chamado destino?
Material que me faltas não serás o dono de minha derrota. A esmera é tanta que meu improviso te espanta.
Abençoada seja a Santíssima Trindade da Arte em Cena: idéia, papel e... Pena, cadê a Pena? Maldita Pena!
Ó Senhor Máximo de Inspiração não me deixes aqui em desalento, manda-me socorro! Algum provento.
Quão mais vazia será essa picada de mata aberta nos ombros do destino?
Ó matéria que me extingue a imensa brasa ardente no peito de escrever. Repito que não guardarás minha rendição.
Pena que me falta, leia agora a voz desse poeta de verso e de prosa que fala como quem ta versando e rima quando ta conversando. Veja, ouça, Pena minha, sinta quanto de labuta esse poeta lhe dedica ao procura-la em meio a neblina.
As agruras de meu peito vão-se esvaecendo ao som do fúnebre réquiem-poema de versos ceifados da existência.
Garganta seca e esse papel branco-teso, dedos atrofiados e ressequidos vasculham no fundo da alma um resquício de Pena.
Uma pena torta, rachada e cambeta. Pode tá faltando pedaço e até roída na beira. Só não pode me fazer esperar a vida inteira pelo momento de sanear minha doideira num duto de idéia, papel e... Pena, cadê a Pena? Maldita Pena!
Peso de tonelada nos olhos e no peito, faca que me fere a carne sem socorro ou proveito. Derrota inevitável, assim ou de outro jeito.
Sufoco de não botar Arte em cena, sufoco de estar calado por me faltar a Pena.
Materialidade que desafiei ouça a rendição desse poeta, que queima em agruras passadas e poesias imaginárias, pensamentos tolos ocupando várias páginas.
Minha rendição acompanha chagas emocionais de busca e derrota.
A poesia comprida e toda torta repleta de curvas e bossa, nasceu na brisa da madrugada com a lua cobrindo-a de prata. Morre nesse mesmo instante no qual se fecha de nuvens um céu inconstante, um céu de idéia, papel e... Pena, cadê a Pena? Maldita Pena!...

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